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08 março 2012

Trinta-réis-grande / Large-billed Tern

Em Manaus:/In Manaus:

"E estes aqui - como é que vocês lhes chamam?"/"And those, how do you call those?"
"Esses daí a gente chama de gaivota."/"Those we call them gulls."

Trinta-réis-grande/Large-billed Tern, Phaetusa simplex - Manaus, Amazonas

É frequente encontrar casos semelhantes no Novo Mundo. Quem partiu do Velho Mundo durante a colonização das Américas, ao chegar ao outro lado do Atlântico e deparando-se com aves mais ou menos semelhantes às conhecidas na Europa, logo cuidou de as nomear com os nomes que sabia. Assim o foi na América do Norte, onde as escrevedeiras foram tomadas por pardais, assim o foi na América do Sul. Neste caso particular, esta espécie de gaivina tem um nome específico local - Trinta-réis-grande. Mas na capital do Amazonas, onde as verdadeiras gaivotas não são nada habituais - um Trinta-réis-grande é semelhante o quanto baste para ser tomado por uma./It is usual to find similar cases in the New World. Whoever left the Old World to colonize the Americas, upon reaching the other shore of the Atlantic and coming across birds that looked more or less like the European birds, named them according to what they knew. This happened in North America, where the buntings were taken for sparrows, and also in South America. In this particular case this species of tern has a proper local name -- Large-billed Tern. But in the capital of the Amazonas state, where true gulls are very unusual, a Large-billed Tern is similar enough to be taken by one.

09 setembro 2011

Sardinha-papuda

E se de repente, num afluente do rio Solimões um peixe lhe acertar em cheio na cara, isso é (muito provavelmente): Sardinha-papuda./And if suddenly, on one of the tributaries of the Solimões river, a fish lands right in the middle of your face, it is (probably) a Sardinha-papuda.

Sardinha-papuda, Triportheus sp. - rio Solimões/Solimões river, Amazonas

09 maio 2011

Bacurau-das-praias / Sand-coloured Nightjar

Numa barra de areia de um afluente do rio Solimões, onde repousavam Talha-mares-americanos, Trinta-réis-grandes e Trinta-réis-anões, uma ave até então imperceptível na areia branca levantou vôo./At a sand bar of a tributary of the Solimões river, where Black Skimmers, Large-billed and Yellow-billed Terns roosted, a bird that had remained imperceptible on the sand took off.

Bacurau-das-praias, Chordeiles rupestris - rio Solimões a montante de Manaus, Amazónia
Sand-coloured Nightjar, Chordeiles rupestris - Solimões river, near Manaus, Amazon

Confiando no seu mimetismo, o Bacurau-das-praias pousou pouco mais à frente num tronco. Aproximei-me com cautela e sentei-me. A uns 20 metros da ave, fiquei meia hora a interpretar forma e padrão, e a tirar apontamentos. Levantei-me sem pressas e fui desenhar os Talha-mares./Trusting its mimicry, the Sand-coloured Nightjar landed on a log not far away from where it started. I carefully bridged most of the distance between me and the bird and sat down. Spent about half an hour interpreting shape and patter and collecting notes, 20 meters from the bird. Slowly rose and went sketching the Black Skimmers

Bacurau-das-praias, Chordeiles rupestris - notas de campo
Sand-coloured Nightjar, Chordeiles rupestris -field notes

26 dezembro 2010

Talha-mares-americano

O Talha-mares-americano tem uma distribuição geográfica que vai dos Estados Unidos da América à Argentina. É uma gaivina com adaptações morfológicas altamente especializadas para a captura de peixes - o bico apresenta uma enorme assimetria, sendo a mandíbula desporporcionalmente grande em relação à maxila. Para pescar, o talha-mares voa rasante à superfície das águas com o bico aberto e a mandíbula submersa, como uma enorme tesoura. Ao contacto com as presas, a ave fecha o bico capturando pequenos peixes e crustáceos que consome em vôo.

Talha-mares-americano, Rynchops niger - imaturo (à esquerda) e três adultos

Tinha curiosidade em ver estas aves, que me escaparam na Califórnia, particularmente em observar o seu peculiar modo de alimentação e o modo como repousam. David Allen Sibley no seu altamente recomendável The Sibley Guide to Birds representa-os descansando deitados sobre o ventre, com o pescoço esticado e a enorme mandíbula assente no substrato. Num afluente do rio Solimões, alguns Talha-mares repousavam num bando misto de Trinta-réis-anões e Trinta-réis-grandes (estes últimos curiosamente chamados de 'gaivotas' na região - certamente a espécie local mais parecida com uma verdadeira gaivota). As aves que vi repousavam de igual modo a gaivotas ou gaivinas, ou seja, com o bico escondido atrás da asa - ficará para a próxima tentar ver e registar este comportamento.

26 outubro 2010

Surucuá-de-cauda-preta

Encontrei Surucuá-de-cauda-preta por duas vezes. E por duas vezes fiquei intrigado com o aspecto e comportamento da ave.

Da primeira vez, uma ave desta espécie encontrava-se pousada num ra
mo a uns 5 metros do solo. A observar, sem grandes movimentos, quase sonolenta. Levantou vôo e foi pousar alguns metros adiante. Da segunda vez que encontrei esta espécie tomei rapidamente notas antes que ave ou canoa arrancassem. Que mais vale uma ave (mesmo que mal) desenhada no caderno de campo que duas a voar (para longe).



Surucuá-de-cauda-preta, Trogon melanurus
Rio Solimões

Ao chegar ao barco passei algumas das n
otas a cores. No esboço a cores, parece-me agora, a cauda ficou um pouco mais estreita que na realidade era. Ainda assim fica a memória da observação. E uma mão cheia de interrogações sobre esta espécie. Que come? Como se comporta? A que soa? O que faz de um Surucuá-de-cauda-preta um Surucuá-de-cauda-preta? Infelizmente não houve tempo para mais. Numa próxima visita, quem sabe...

20 outubro 2010

Ariramba-vermelha

Era um dos grupos de aves aves que mais expectativa tinha para ver - as arirambas. E as juruvas (ou udus), mas estas não tive a sorte de encontrar.

Foi uma observação fugaz, demasiado rápida para o que queria. Enquanto a canoa cruzava um afluente do Solimões perto de Anamã, um grupo de três Arirambas-vermelhas pousadas num ramo seco na copa das árvores aguradava a passagem de insectos.

Ariramba-vermelha, Galbalcyrhynchus leucotis
Rio Solimões

Ao passar de um escaravelho em vôo, uma delas levantou e capturou-o, regressando ao ramo com a presa no bico.

Ariramba-vermelha em vôo com presa
Rio Solimões


Teria ficado ali bastante mais tempo, mas a canoa seguiu rio abaixo.