30 outubro 2010

Cyphotilapia frontosa - Synodontis multipunctatus

Uma das peças que mais gostei de fazer foi esta, a estratégia reprodutiva dos peixes-gato da espécie Synodontis multipunctatus, do Lago Tanganyika. Aproveitando a desova de ciclídeos incubadores bucais (neste caso da espécie Cyphotilapia frontosa), os peixes gato realizam as sua própria postura simultaneamente e junto ao casal de ciclídeos, de modo a que os seus ovos sejam recolhidos pela fêmea. E é no ambiente protegido da boca da progenitora - que frequentemente não se alimenta durante o período de incubação da postura - que se desenvolvem as duas ninhadas.

Cyphotilapia frontosa e Synodontis multipunctatus


Os ovos dos peixes-gato, mais pequenos, eclodem primeiro que os dos ciclídeos. Desenvolvendo-se mais rapidamente, os pequenos peixes-gato predam os alevins de ciclídeo dentro da boca da própria progenitora, eliminando assim a ninhada legítima.

Ao atingirem um estádio de desenvolvimento que lhes permite natação livre, começam a fazer incursões ao exterior, mas continuam a beneficiar da protecção da progenitora adoptiva, bem como de refúgio em caso de perigo - nadando para a cavidade bucal ao menor sinal de alarme. Isto até serem demasiado grandes para tal.

27 outubro 2010

Red-backed Fairywren

Cooperatively breeding birds. Foi este o conceito que me foi pedido para ilustrar para a edição de Inverno 2010 da BirdScope. De entre as seis espécies a representar, talvez seja esta a minha favorita - Red-backed Fairywren.

Malurus melanocephalus







BirdScope vol.24(1) Winter 2010

Nesta espécie é frequente o casal reproductor ser auxiliado por um ou mais machos descendentes de posturas anteriores do casal. Na ilustração um macho imaturo - de plumagem semelhante a uma fêmea - alimenta as crias. Em segundo plano encontra-se o casal reproductor, macho à esquerda, fêmea ao centro.

26 outubro 2010

Surucuá-de-cauda-preta

Encontrei Surucuá-de-cauda-preta por duas vezes. E por duas vezes fiquei intrigado com o aspecto e comportamento da ave.

Da primeira vez, uma ave desta espécie encontrava-se pousada num ra
mo a uns 5 metros do solo. A observar, sem grandes movimentos, quase sonolenta. Levantou vôo e foi pousar alguns metros adiante. Da segunda vez que encontrei esta espécie tomei rapidamente notas antes que ave ou canoa arrancassem. Que mais vale uma ave (mesmo que mal) desenhada no caderno de campo que duas a voar (para longe).



Surucuá-de-cauda-preta, Trogon melanurus
Rio Solimões

Ao chegar ao barco passei algumas das n
otas a cores. No esboço a cores, parece-me agora, a cauda ficou um pouco mais estreita que na realidade era. Ainda assim fica a memória da observação. E uma mão cheia de interrogações sobre esta espécie. Que come? Como se comporta? A que soa? O que faz de um Surucuá-de-cauda-preta um Surucuá-de-cauda-preta? Infelizmente não houve tempo para mais. Numa próxima visita, quem sabe...

25 outubro 2010

Aves dos Açores - Gaivina-de-dorso-castanho

A Gaivina-de-dorso-castanho acabou por não ser incluída na versão final do livro Aves dos Açores. Os registos de nidificação desta espécie no ilhéu da Praia, junto à Graciosa, referiam-se a uma fêmea desemparelhada a incubar um ovo não fecundado.

Gaivina-de-dorso-castanho, Onychoprion anaethetus

Veremos se futuramente a espécie se mantém com estatuto de visitante ocasional, ou se passa a integrar a lista das espécies nidificantes no arquipélago Açoreano.

23 outubro 2010

Phoebes - Piuís

Gosto das fases intermédias. Frequentemente mais que das fases finais. Ou por terem maior frescura, ou por darem indícios do processo de desenvolvimento da peça, não sei bem, mas devido a isso costumo fazer cópias dos passos intermédios das peças. Este é um desses casos.


Piuí, Sayornis phoebe ♀ (em cima) e Piuí-ruivo, Sayornis saya ♀ (em baixo)
NestWatch poster


Grande parte de qualquer trabalho fica por ver e com a ilustração isso não é diferente. Executadas para o projecto NestWatch (mencionado anteriormente aqui), estas duas fêmeas de papa-moscas do Novo Mundo do género Sayornis encontram-se na fase final do trabalho de linha, anterior à introdução de cor.

20 outubro 2010

Ariramba-vermelha

Era um dos grupos de aves aves que mais expectativa tinha para ver - as arirambas. E as juruvas (ou udus), mas estas não tive a sorte de encontrar.

Foi uma observação fugaz, demasiado rápida para o que queria. Enquanto a canoa cruzava um afluente do Solimões perto de Anamã, um grupo de três Arirambas-vermelhas pousadas num ramo seco na copa das árvores aguradava a passagem de insectos.

Ariramba-vermelha, Galbalcyrhynchus leucotis
Rio Solimões

Ao passar de um escaravelho em vôo, uma delas levantou e capturou-o, regressando ao ramo com a presa no bico.

Ariramba-vermelha em vôo com presa
Rio Solimões


Teria ficado ali bastante mais tempo, mas a canoa seguiu rio abaixo.

E de repente...

...é Outono, e torna a haver Piscos-de-peito-ruivo por todo o lado.

Pisco-de-peito-ruivo, Erithacus rubecula
Douro Internacional

13 outubro 2010

The Bird Watching Answer Book

O Outono instalou-se de vez, a julgar pelas chuvas recentes. Sexta-feira passada, enquanto contava rapinas por entre aguaceiros, lembrei-me várias vezes desta ilustração que fiz para The Bird Watching Answer Book.

Carricinha, Troglodytes troglodytes


Foi uma das ilustrações deste livro que mais gostei de fazer. Certa e oportunamente aqui colocarei outras deste projecto da autoria de Laura Erickson, com quem foi um prazer colaborar.

01 outubro 2010

Aves dos Açores

O livro Aves dos Açores foi recentemente editado pela Sociedade para o Estudo das Aves. Ideia inicial de Carlos Pereira (podem vê-lo apresentar o trabalho aqui, ao minuto nove), conta com a minha co-autoria bem como a de João Tiago Tavares.

Priôlo, Pyrrhula murina

Aqui fica a ilustração que figura na capa deste livro, o emblemático e ameaçado Priôlo Pyrrhula murina, alimentando-se de bagas de Azevinho Ilex azorica.

Desloquei-me a São Miguel para observar esta ave nos trabalhos de preparação deste projecto, bem como da maioria das restantes espécies que me coube ilustrar. Infelizmente a época não era a mais propícia para a observação desta ave e para o meu propósito de a desenhar na Laurissilva da Serra da Tronqueira, tendo as observações da mesma sido demasiado fugazes para esboços in loco.

House Wren

Em 2007 foi-me proposta a feitura de dois posters para o projecto NestWatch do Laboratório de Ornitologia de Cornell. O conceito era ilustrar várias espécies comuns Norte-Americanas e seus ninhos. Uma das espécies seleccionadas foi uma das espécies de Carriça mais comuns na América do Norte, a Garrinchinha Troglodytes aedon.

Garrinchinha, Troglodytes aedon

Foi uma das espécies que mais gostei de ilustrar, sobretudo pela delicadeza do padrão. Aqui apresento uma das Garrinchinhas do poster de aves da costa Oeste dos Estados Unidos da América.