No Jardim Zoológico de Lisboa já há alguns anos que um punhado de Gorazes estabeleceu uma pequena colónia. Vindos da sua migração trans-Sariana estas aves algo escassas em Portugal, encontraram em Sete-Rios local para nidificar. Essencialmente noturnas, estas garças passam os dias empoleiradas em ramos de árvores, sendo visíveis levantando vôo ao crepúsculo ou regressando ao amanhecer dos seus locais de alimentação. Na região de Lisboa, são detetadas com alguma frequência nos jardins da Fundação Calouste Goulbenkian (como foi o caso do exemplar retratado no Diário de Viagem em Lisboa), tendo sido também avistadas noutros locais como Monsanto, Jamor e por vezes na Amadora.
Goraz, Nycticorax nycticorax e Pardal, Passer domesticus - Lisboa |
O pardal dispensa apresentações. É a par do pombo-das-rochas a espécie de ave mais comum nas nossas cidades. No entanto tem visto as suas populações colapsar espetacularmente em certas partes da Europa, como o Reino-Unido - onde nos últimos 25 anos a população diminuiu em cerca de 60% - ou a Alemanha. As razões deste declínio não são claras, pensa-se que tenha a ver com o desaparecimento de insetos - parte importante da alimentação das crias desta espécie essencialmente granívora. Talvez isto se deva a mudanças climáticas, talvez se deva a diferentes utilizações dos solos. Que uma espécie tão comum e adaptável como o pardal esteja a desaparecer só pode ser encarado como um indicador lúgubre do que se está a passar mundialmente em grande escala. Chegará o dia em que nem o conspícuo pardal fará parte dos nossos dias?
Belos!
ResponderEliminarTendo em conta que se trata do passer domesticus, que acompanhou (desde sempre?) a expansão territorial do homem, não se tratará antes de um indicador da falência do habitat humano?
ResponderEliminarhfm: muito obrigado.
ResponderEliminarPedro: é possível. Penso que o pardal já tería evoluído antes de termos começado a urbanização, mas não sei ao certo. É possível que esta espécie que andou a par e passo com a nossa deixe de o fazer. Talvez para onde vamos, o pardal não possa seguir connosco. E se no caso do pardal é uma dúvida, para tantas outras espécies é - infelizmente - quase uma certeza.
Não sabia dessa noticia acerca dos pardais... tenho pena, é dos meus passarinhos predilectos. Conseguem ser bonitos com poucas cores.
ResponderEliminarTive uma vez uma tarde bem passada com os pardais do alto do Parque Eduardo VII, uma torrada e muitas migalhas :)
O caso dos pardais acaba por ser a ponta do iceberg. Se até estas aves tão adaptáveis estão em declínio, que será dos verdadeiros especialistas?
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