Um andorinha não faz a Primavera. Sobretudo porque algumas não chegam a atravessar Gibraltar, ficando o Inverno entre nós e
nuestros hermanos. Mas tantas outras espécies fazem-no, embarcando em migrações mais ou menos longas, muitas delas para lá do deserto do Sara. E neste momento estão de regresso, umas mais cedo que outras. Algumas já por cá andarão, como o Cuco-rabilongo. Outras ainda irão tardar mais cerca dois meses, como o caso do Solitário.
Para tentar mapear ao longo do tempo a chegada aos territórios de cria das aves migradoras, a
Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves criou o
projeto Chegadas. A ideia é simples, reportar espécies migradoras aquando da sua chegada a Portugal. E tentar perceber se há alterações significativas de ano para ano, se por exemplo chegam mais cedo os Milhafres-pretos agora que há dez anos atrás, ou se o Cuco-canoro continua a ser o arauto da Primavera (eu costumo ver os meus primeiros do ano por volta de dia 21 de Março, mas isto de Primaveras há muitas, umas mais cedo em Faro, outras mais tarde em Estocolmo).
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Abelharuco, Merops apiaster |
Março é mês de chegada dos Abelharucos. Inconfundíveis e bastante sonoros, são fáceis de detetar - e reportar. Portanto se os virem por aí, não custa nada tomar nota do local e da data, e fazer chegar essa informação ao projeto Chegadas através do endereço chegadas@spea.pt. Que da contribuição de todos se faz este projeto voluntário.
Qualquer interessado pode e deve participar. Ou parafraseando o coordenador do projeto Chegadas, Henk Feith, 'Boas observações e, se as tiver, envie-as!'
Mais informações sobre datas de chegadas
aqui.